quarta-feira, 16 de maio de 2012

MEMÓRIA DE SANTO ALÍPIO E SÃO POSSÍDIO, BISPOS


A família Agostiniana comemora estes dois santos bispos no mesmo dia, 16 de maio. Vieram da mesma região e viveram no mesmo período. Ambos nasceram em meados do século IV em Numídia, província romana situada no atual território da Argélia, e morreram no final do primeiro terço do século seguinte. Suas diversificadas origens sociais abriram diante de seus olhos horizontes muito diferentes. Mas o encontro com Santo Agostinho derrubou barreiras sociais e, eventualmente, os levou a caminhos bem parecidos.

Ambos eram discípulos de Agostinho, viveram com ele no mosteiro, compartilharam de seu zelo pastoral e o assistiram em suas controvérsias doutrinárias e a reorganização da Igreja Africana. Eram pastores e teólogos notáveis, com a identidade bem definida. A história tem entrelaçada sua memória e esta está indissoluvelmente associada com a de Agostinho. Uma delas foi para sempre como o querido amigo, "o irmão do meu coração", diz Nosso Pai, e o outro como o autorizado biógrafo.

Alípio nasceu em Tagaste, numa família pagã abastada após o ano 354. Era mais jovem que Agostinho, e este foi seu primeiro professor em Tagaste e depois em Cartago. Depois surgiu entre eles um fluxo de mútua simpatia, o que os levou a um dos capítulos mais belos da história da amizade humana. Deram seu nome à seita dos maniqueus, estavam entusiasmados com o ensinamento dos filósofos neoplatônicos e eram ouvintes de Santo Ambrósio; compartilhada a cena do jardim em Milão, que acabou por quebrar sua resistência, foram preparados para o batismo na fazenda de Cassicíaco, e receberam o batismo juntos na Vigília Pascal em 386, e depois se retiraram para sua cidade natal, onde, por três anos testaram um tipo de vida monástica que iria deixar uma marca profunda na vida Religiosa ocidental. Seu nome foi incluído no martirológio romano no ano de 1584.

Possídio era de origem humilde e mais novo que Alípio. De sua infância nada se sabe, nem mesmo o lugar de seu nascimento. Em 391 ele entrou para o mosteiro laico de Hipona, onde recebeu sua primeira educação e estreitou laços com Agostinho, que, sem alcançar a intimidade de Alípio, durou até a morte com afetuosa e profunda amizade. Possídio colaborou ativamente com Agostinho em suas controvérsias com donatistas e pelagianos e introduzindo assim a vida monástica em sua sede episcopal. Este mosteiro, junto com os de Tagaste e Hipona será o baluarte onde os reformadores da Igreja em África encontrarão proteção e paz e de onde lançarão sua ofensiva apostólica.

Entre 432 e 437 escreveu a Vita Augustini e Indiculus. O primeiro é a primeira biografia escrita de Agostinho. Narra sua vida a partir de sua conversão, sua conduta privada e pública, até os últimos dias de sua vida; 'Vita' é do tipo realista e pouco milagreiro e fantasioso; o segundo, um índice de todas as obras escritas por ele, divididas em obras, epístolas e sermões. Conhecia muito bem a biblioteca de Agostinho em Hipona e sempre esteve muito próximo dele.

Os Agostinianos celebram sua festa desde 1671 e Clemente X confirmou seu culto com os Alias a Congregatione.

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Referências
A. MANDOUZE, Prosopographie de l’Afrique Chretienne (303-533), París 1982, pp. 53-65 y 890-96; A. SÁNCHEZ CARAZO, Alipio, el amigo. Posidio, el discípulo, Marcilla (Navarra) 1991. La Vita de Agustín en Obras Completas de san Agustín, Madrid 19946 (BAC 10), pp. 295-377. 
*Baseado nos escritos do historiador e frade agostiniano recoleto Ángel Martínez Cuesta.

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